top of page

SOCIEDADE UCRANIANA DO BRASIL

uma história de resistência

Preservar e transmitir a cultura ucraniana para as mais diversas gerações. Foi com esse espírito que, há 100 anos, uma das mais importantes associações étnicas do país deu os seus primeiros passos. A atual Sociedade Ucraniana do Brasil nasceu em 07 de julho de 1922 no distrito de Dorizon, na cidade paranaense de Mallet. A instituição foi inicialmente batizada de “União Ucraniana do Brasil”.
A entidade foi criada durante a 1ª Assembleia Geral da União Ucraína no Brasil, realizada em uma escola em Dorizon e coordenada pelo escritor e pesquisador Pedro Karmansky, conforme escreveu o padre Valdemiro Haneiko. “A finalidade principal foi a fundação de uma organização ucraína para todo o Brasil”, ressalta o autor. Nesse encontro se definiram algumas atribuições da entidade, tais como: organização dos ucraínos em seus núcleos, cursos para professores, fomento de cooperativas agrícolas.
Em 28 de fevereiro de 1923, a entidade transferiu-se para União da Vitória, de onde, no ano de 1934 rumou para Curitiba, incorporando então o patrimônio e os sócios da então Sociedade Tarás Shevchenko, uma entidade social fundada em 1908.
Durante esses 100 anos de atuação, a instituição sempre primou pela preservação da cultura ucraniana, com seus costumes, religiosidade, tradições, festas, danças, músicas e manutenção do idioma.
Porém, essa missão foi duramente ameaçada a partir de 1937. Neste ano, o então presidente do Brasil, Getúlio Vargas, deu um golpe político e instaurou o chamado Estado Novo – a fase ditatorial de Vargas à frente do comando do país. Começou a ser implantada a Campanha de Nacionalização, com a proposta de valorizar estritamente a cultura brasileira e minimizar a ação dos grupos formados por imigrantes.
Dentre as mudanças proporcionadas pelo Estado Novo e que afetou o cotidiano dos imigrantes que moravam no Brasil estava a proibição de falar idiomas estrangeiros em público, inclusive em cerimônias religiosas.
Em 1938, o governo proibiu ainda a circulação de livros estrangeiros e obrigou os jornais e demais periódicos produzidos pelos imigrantes só podiam ser publicados em português. Todas as escolas, antes batizadas com nomes ucranianos, passaram a ter, obrigatoriamente, nomes brasileiros. Todas as aulas, consequentemente, deviam ser ministradas em português, sendo vetado o ensino de línguas estrangeiras para menores de 14 anos.
Para escapar das perseguições, a associação União Ucraniana foi obrigada a mudar o seu nome para União Agrícola Instrutiva e também sua função: as atividades culturais foram cessadas e o espaço virou uma espécie de escola técnica e de abrigo. A estrutura física, por exemplo, passou a ser usada para receber filhos de imigrantes do interior para estudarem na capital.
A entidade já era naquela época a maior associação cultural ucraniana no Brasil. Havia criado, em 1930, o Folclore Ucraniano Barvinok, que é o mais antigo conjunto étnico-cultural ucraniano em atividade do Brasil. Com o advento do período ditatorial, todas as demais associações ucranianas do Brasil foram incorporadas à sede em Curitiba e passaram a funcionar como filiais, dando origem a dezenas de Uniões Agrícolas Instrutivas no país. Foram retirados da sede da União todos os objetos que remetessem à Ucrânia, como bandeiras e demais símbolos nacionais.
Durante quase uma década, o grupo praticamente paralisou suas atividades culturais. Somente com o fim do governo Vargas, a partir de 1945, é que a associação voltou a atuar com o propósito cultural.
Com isso, as atividades educativo-culturais recomeçaram entre os ucranianos e seus descendentes – prática que se intensificou com o passar dos anos e se mantém diariamente presente há cem anos nas ações da Sociedade Ucraniana do Brasil
Por: Diego Antonelli

Sobre: Sobre
bottom of page